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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Entrevista Carlos Campano.

TCM - 12/04/2012.
Postado por: Luciano Poeys - TCM.


O espanhol que lidera os campeonatos nacionais
O espanhol que lidera os campeonatos nacionais
Crédito da imagem: Celestino Flaire Jr.
 
Durante anos o campeonato brasileiro de motocross foi invadido por pilotos estrangeiros. Épocas atrás, acompanhamos nomes como Rodney Smith, Danny Storbeck e Anthony Pocorobba, entre outros, conquistarem títulos brasileiros. Ficamos algum tempo sem a presença de estrangeiros, mas recentemente eles decidiram voltar e, no ano passado, o americano Scott Simon levou os dois títulos brasileiros, na MX2 e MX1. Simon não retornou nesta temporada, que passou a ser frequentada pelo britânico Adam Chatfield, além dos latinos Roberto Castro (costa-riquenho) e Humberto Martins (venezuelano). E eles foram destaques em 2011: Chatfield venceu a Superliga Brasil de Motocross e os latinos ganharam o Arena Cross. No final da temporada passada, surgiu um espanhol que trazia na bagagem, além das roupas do corpo e documentos, o título mundial da MX3 de 2010. Carlos Campano Jimenez desembarcou no Brasil para participar da última etapa do Pro Tork Brasileiro de Motocross, na cidade de Siqueira Campos (PR), pela equipe Geração/Yamaha, e acabou conquistando a vitória na MX1 e faturando a premiação especial (um carro).

Campano participou do Mundial de Motocross há algum tempo e seu melhor resultado na temporada passada foi um sexto lugar na segunda bateria do GP da Grã-Bretanha, sendo que finalizou o campeonato na 19ª posição. Este espanhol, de 26 anos, residente da cidade de Sevilla (Espanha), fã do piloto francês Jean-Michel Bayle, chegou de repente, levando troféus e prêmios, e assinou contrato com a Yamaha para correr neste ano nos campeonatos nacionais e regionais. Ele ganhou tudo em que já participou até agora, e aparentemente não tem ninguém para segurar esse espanhol.



Antes de falar sobre essa sua experiência no Brasil, comente um pouco sobre sua carreira no motocross mundial...
Eu ganhei minha primeira moto aos quatro anos e não demorou para eu começar a competir. Com nove anos já corria no campeonato espanhol, onde mais tarde conquistei títulos na MX2 e MX1. Aos 17 anos passei a participar do Mundial de Motocross, na antiga categoria 125. Durante alguns anos tive o apoio da Yamaha e da federação espanhola. Em 2009, me transferi para a categoria MX1. No ano seguinte, decidi correr no Mundial na categoria MX3, desta vez com a minha própria equipe, pilotando uma Yamaha, e conquistei o título. Com o resultado, consegui uma vaga sem custo de inscrição para voltar para MX1 neste ano. Ainda com a minha equipe, terminei o campeonato na 19ª posição, depois de perder etapas em virtude de uma lesão na minha mão na etapa brasileira, em Indaiatuba (SP).


Essa lesão aconteceu na prova?
Não, foi no sábado. Ainda nos treinos do GP Brasil, acabei caindo e lesionei a mão, mas consegui me classificar com muitas dores. No domingo, tentei andar na primeira bateria, mas as dores eram muito fortes e decidi abandonar a etapa. Levei algumas semanas para me recuperar. Perdi a etapa seguinte, na França, e mesmo retornando na seguinte, continuei com dores na mão, que prejudicaram a temporada. Me machuquei na quarta etapa, praticamente no início do campeonato, e isso me custou pontos importantes no ano.


Na reta final da temporada, você teve a oportunidade de andar com uma Yamaha oficial, com a motocicleta do italiano David Philippaerts, que também se lesionou e abandonou o Mundial. Como foi essa experiência?
Realmente recebi um convite da Yamaha oficial para correr as três últimas etapas do Mundial com a motocicleta do Philippaerts. Foi uma grande experiência para mim, afinal de contas iria correr com uma motocicleta de fábrica. Tudo é diferente. Pensava que não tinha tanta diferença, mas ela é grande. A moto oficial pesa 12 quilos a menos do que a que eu usava, com um motor mais forte, mas suave. E a suspensão é impressionante. Não tinha ideia da diferença que existe entre uma motocicleta privada e uma de fábrica. Com a minha moto, tinha que andar acima do limite sempre, para tentar conquistar bons resultados, sempre correndo riscos; com a de fábrica você tem mais velocidade, mas com mais segurança, tudo funciona perfeitamente. Quando entrava para um treino e precisava fazer um acerto de suspensão, tudo funcionava; e se a que estava na motocicleta não melhorasse, eles simplesmente colocavam uma nova suspensão. É impressionante o profissionalismo das equipes oficiais. E depois de diversas etapas sem andar entre os dez primeiros, consegui um sexto lugar na Grã-Bretanha. Realmente é bem diferente acelerar uma motocicleta de fábrica.


Falando ainda sobre o Mundial, estamos acompanhando nos últimos anos a transferência de pilotos campeões da categoria MX2 para os Estados Unidos, ou seja, eles não ficam na Europa para tentar o título da categoria principal. Muitos alegam que o motivo desta fuga deve-se pelo maior retorno financeiro que os pilotos têm na América. Isso é verdade?
Realmente os Estados Unidos são mais atraentes para os jovens pilotos, e com certeza se ganha muito mais na América. No Mundial não há premiação, não se ganha nada por subir ao pódio, e o custo para participar nele não é barato. Pagamos 10 mil euros de inscrição para correr uma temporada no Mundial, ou mil euros por etapa. A maioria dos pilotos não ganha para correr, e alguns, ao contrário, pagam para estar no Mundial. Aqueles que conseguem patrocinadores para bancar a temporada - uma situação difícil para a maioria dos pilotos -, ainda têm um retorno financeiro, mas a quantidade de pilotos que ganha dinheiro no Mundial é muito pequena. Para os jovens, o melhor é se transferir para os Estados Unidos, onde os pilotos ganham mais. Penso que para os pilotos oficiais, o Mundial continua interessante. Para estes, continuar na Europa ainda é um bom negócio.



Com surgiu a oportunidade de correr no Brasil?
Em 2009, na etapa de Canelinha (SC), tinha que conseguir um apoio no Brasil para participar do GP, pois não podia trazer minha motocicleta, os custos eram altos. Depois de conversar com a Yamaha, eles me indicaram Carlos "Cacau" Hermano, que conseguiu uma equipe que me daria a estrutura necessária para participar da prova. Fiquei muito contente com eles, me trataram muito bem e isso se repetiu em 2011, quando novamente o Cacau me ajudou, com a colaboração da equipe brasileira Geração. Eles me ajudaram muito. E em umas das conversas surgiu o convite de correr no Brasil, sendo que tudo se intensificou ao final da temporada. E depois de correr com a motocicleta oficial da Yamaha, não tinha mais vontade de participar do Mundial; é muito complicado correr com uma motocicleta privada e tentar andar entre os ponteiros.



Você correu nas duas últimas etapas do campeonato brasileiro no ano passado, inclusive conquistando a vitória na categoria MX1 no Paraná. O que achou do nível dos brasileiros e das provas naquele momento?
Já tinha uma ideia do nível dos pilotos brasileiros, pois, como disse, participei das etapas do mundial aqui, em 2009 e 2011. Mas fiquei surpreso nesta final do Brasileiro, pois encontrei muitos pilotos andando forte, com um nível muito similar aos da Espanha. A diferença é que lá tem uns três ou quatro pilotos andando rápido, e aqui tem mais pilotos neste nível. Sabia que (Antônio Jorge) Balbi seria meu maior rival, mas outros pilotos também andaram forte, mostrando que o nível dos brasileiros está melhor. Me diverti muito com as provas, tanto na MX2 como na MX1, estou contente com o nível dos brasileiros, e isto vai ser importante para a próxima temporada, na qual vou estar presente.

Quanto às pistas, na prova de Nova Alvorada (MS), o terreno era mais arenoso, foi mais fácil andar. Na MX2, acabei caindo, a pista estava pesada - ela foi muito molhada -, tornando a pilotagem mais difícil, mas terminei em segundo. A pista estava melhor na MX1, dando condições de acelerar mais. Já a pista da última etapa do Brasileiro era mais técnica e mais difícil, com um terreno mais duro, exigindo mais da pilotagem, e mesmo assim consegui vencer nas duas categorias.


Você começou a temporada vencendo tudo, na Superliga e Brasileiro de Motocross. O que você pode dizer sobre essa superioridade?
Realmente não acreditava que poderia vencer tantas provas neste início de ano. Tive problemas na última etapa do brasileiro de motocross, mas consegui correr com tranquilidade e ainda vencer a prova.

Gostei muito da pista de Carlos Barbosa (RS), rápida e técnica, mesmo com o erro na segunda bateria conseguiu ter velocidade. Tendo tido muito apoio da minha equipe, que estão fazendo um grande trabalho, minha motocicleta está muito boa.

Penso que tudo está acontecendo melhor do que esperava e pretendo continuar trabalhando para conquistar grandes resultados neste ano e quem sabe títulos.

http://www.canalmx.com.br
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