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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Mundomoto Histórias – Ode ao motocross brasileiro – de Augusto “Alemão” Haddock Lobo.

TCM - 14/10/2014.
Postado por: Luciano Poeys - TCM.
Fonte: mundomoto.esp.br - Por: Fausto Macieira.

Uma viagem no tempo do Motocross Brasileiro e Carioca, retratada pelo Ex-Piloto Augusto "Alemão" Haddock Lobo, publicado pelo Piloto e Jornalista Fausto Macieira.

O clube e o estado não existem mais…
Instado pelo amigo Fausto Macieira a relatar nossa trajetória no motocross nacional, ainda que relutante, aceitei o encargo remissivo para retratar o início do esporte no Brasil, quando este era praticado com motos importadas com autorização do Conselho Nacional do Desporto (CND) aos pilotos federados em suas associações estaduais (no caso do Rio, Moto Clube do Brasil situado na Rua Ceará – Praça da Bandeira) da categoria MX, tanto 125 quanto 250.
Mário Calcia Jr. e Paulo César “Carrapato”:  rivais na pista, amigos fora dela…
Tais fatos se passavam nos idos da década de setenta (70), onde os equipamentos de proteção eram rudimentares e de improviso, como botas do exército, camisas de goleiro de time de futebol e capacetes “Stadium”, encontrados na loja RTT Veículos, com o entusiasta comerciante conhecido como “Baiano”, na Rua Real Grandeza no Bairro de Botafogo.
A pista de kart do Maquimundi, o “mundo das máquinas”. Ao fundo a pista de MX com muito mais gente, haha…
A pista preferida era a do “Maquimundi”,  na ainda isolada e deserta Barra da Tijuca, onde ocorriam as etapas do Campeonato Carioca e até uma ou outra do Brasileiro.
Chaveta Muniz na Praia do leme, em 1973. Ele bateu Nivanor Bernardi com essa TM 250 que depois foi do Fausto Macieira…
Os pilotos da época eram: os irmãos Muniz, Contrapino e Chaveta, várias vezes campeões cariocas, o primeiro também vitorioso na categoria motovelocidade; Manoel da Fonseca; Eduardo “Louro” Caenazzo; Paulo Cesar “Carrapato”; Ybêre Matorim; Jorge Jansen “Mausoléu”; Mario Correa Cálcia Junior; Augusto “Alemão” Haddock Lobo; Márcio Campos; Marcelo Tepedino; Rogério Marques “Maluquinho”; Luis Henrique Rimes “Quinha”; Eduardo Sodré; Márcio Matz; “Papito” e “Lico” Laureano; Assis Paim “Ninô” e Beto Paim, Fausto Macieira além de outros.
Abertura do Brasileiro de Cross em… 1974!
Releva salientar que os pilotos do estado do Rio de Janeiro nessa década eram em número quantitativo e qualitativo superiores ao dos outros estados da federação, sobressaindo nesse contexto os nomes do lendário Nivanor Bernardi,  de Curitiba, várias vezes campeão brasileiro e latino-americano, Beto Boettcher de Goiânia, Pedro Bernardo “Moronguinho”,  de Porto Alegre e Carlos Ourique “Scateninha”,  de São Paulo, também expoentes do Motocross nacional com vários títulos conquistados.
Augusto Alemão venceu várias provas de motocross dentro e fora  do Estado da Guanabara, ops Rio de Janeiro…
Com efeito, a par de ter conquistado o Campeonato Carioca do ano de 1976, ainda com dezesseis anos, e concorrendo na categoria superior como piloto mais veloz e rápido daquele ano, historicamente figurei como vice-campeão, ainda que tal fato não fosse muito importante para mim naquela fase pré-adolescente, pois que o que nos interessava era ser rápido e técnico ganhando várias corridas e colecionando muitos troféus.
Augusto Alemão tem muitas boas e algumas más recordações dos bons tempos do motocross…
O certo é que fomos precursores do motocross no Brasil e deste fato inconteste não somos lembrados e nem reconhecidos no cenário pátrio, como se denota dos novos astros do motocross Nacional, os quais, certamente, não conhecem nem mesmo os nomes daqueles que iniciaram a prática do esporte em momento que pilotar em uma pista de terra era missão heróica e de bravura, seja pelos equipamentos  de segurança rarefeitos, seja pelas motocicletas de motores potentes e pouquíssima suspensão – quando muito usávamos amortecedores bi-choque da marca “Koni” para amenizar o impacto dos grandes saltos.
Botando pra baixo na Fazenda Santa Rosa em 1983…
As pistas eram feitas em relevos naturais comumente compostas por descidas e subidas insidiosas como a de Miguel Pereira, de Araruama e a de Belo Horizonte.
De Honda CR 125 em 1981…
Nesse contexto, não podemos esquecer os grandes mecânicos que faziam verdadeiros milagres não só na carburação das MX (carburador Mikuni) mas, como também, no aperfeiçoamento dos canos (funil dimensionado) e das suspensões, além dos trabalhos nas janelas de admissão e exaustão dos cilindros dos motores dois tempos, como Russinho, Contra-pino e Troca-tinta, até hoje na ativa passados mais de quarenta anos.
Voando morro abaixo, em 1985…
Tempos bons… (Castrol R30)…
O Cartaz oficial da corrida…
Ainda com efeito, e a propósito do meu contato com o grande amigo e ex-piloto Fausto Macieira, testemunha viva do nascimento do motocross no Brasil – também figura de expoente nas pistas cariocas – o fato de a excelente pista de motocross formatada pelo ex-piloto Julio Avelino em sua fazenda no Horto no Município de Avelar, com mil e quinhentos metros de extensão e cuja próxima corrida do Campeonato Brasileiro será realizada no dia 21/09/2014.
Beto Boettcher, entre Scateninha Ourique e Marcelo Scarano, azes do motocross nacional nos anos 1980…
Diga-se ainda que a pista da Fazenda do Horto foi construída com supervisão final do multi-campeão (brasileiro e latino-americano), hoje Vice- Presidente da Federação Roberto Boettcher, com largura de dez metros em toda sua extensão e contando com característica de pista de alta velocidade, solo aderente e grandes saltos com muito boa recepção.
É só conferir.
Abraços,
Augusto Haddock Lobo – Alemão 45
Opinião MM: O motocross carioca tinha grande expressão no final do milênio passado (parece que foi ontem, ops anteontem),  e nossos pilotos eram parte da pequena elite do esporte naqueles tempos. Outros estados também tinham competições regionais consideradas fortes, nas regiões sul e sudeste. Os paulistas Tucano Barchi, Denísio Casarini, e os “mais recentes”  Álvaro “Paraguaio” Cândido, Roque Kolman, Ronaldo Casanova, Marcelo Scarano, Fábio Cechin, Cláudio Teixeira e outros me vêm à cabeça (grisalha). Em Minas, Neco Carvalho, Quintino Vargas, Geraldo Starling, João Maurício Ferraz, Cládio Assunção, Eduardo Piketa… No sul, além dos astros Nivanor Bernardi e Pedro Bernardo “Moronguinho”,  Ademir Silva é o nome que mais me recordo, assim como o de Lauro Hoffman no Espírito Santo.  Beto Boettcher reinava em Goiás e por onde quer que fosse, quando ele chegava não tinha para ninguém além de Niva e Morongo. No Nordeste as corridas eram menos divulgadas, mas igualmente históricas e divertidas, onde se destacava o nome do campeão paraibano Olavo Brás. Eu poderia ficar falando sobre essa turma horas e horas, com entusiasmo e bom humor. Se como o Alemão – que virou estradeiro mas continua acelerando na terra – você tem boas histórias para contar, entre em contato para divulgá-la, ocá?
Fausto Macieira

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