Moto-X - Raul Guilherme.
O Tempo passa... no motocross também.Ter, 18 de Agosto de 2009 12:12 Clube Moto Colunistas - Moto-X - Raul Guilherme
Olá amigos do Clube Moto! Preparem os equipamentos aí porque o chão vai tremer.
Ééé o tempo passa rápido demais.
Fiz 24 anos este mês e parece que foi ontem que comecei a andar de moto. Faz 20 anos que me encontro quase todo final de semana sentado na máquina de voar e pretendo ficar mais 50 anos assim. Uhulll!
Com o retorno do Mundial de Motocross para o Brasil (já tinha passado da hora né?) rolou um filme na minha cabeça que me mostrou como o tempo voa e como os nossos sonhos vão enfrentando a realidade e vamos seguindo por outros caminhos...
Lembro como se fosse ontem eu indo viajar com meus pais para disputar uma etapa
do Brasileiro de Motocross na categoria 80cc que aconteceu junto da etapa do Campeonato Mundial em Belo Horizonte. Na época o Mundial era disputado só com a categoria 250cc e a disputa estava entre as feras Stefan Everts (Honda) e Sebastian Tortelli (Kawasaki).
Época boa. Tinha meus 12, 13 anos de idade, cheio de sonhos de ser piloto profissional de Motocross e tal... É sempre bom relembrar coisas boas, mas relembrando destes fatos parei para pensar sobre o que ocorreu daquele Mundial em Belo Horizonte até os dias de hoje.
Vamos lá: Entre a primeira e segunda bateria do Mundial rolou uma etapa da 80cc válida pelo Brasileiro. Participei desta prova e fiz uma excelente corrida, terminando em 2° lugar. Foi uma das corridas mais marcantes para mim, pois além de estar competindo na mesma pista de vários ídolos que eu tinha na época, ainda subi no pódio junto deles.
Não me recordo quem venceu a etapa do Mundial, mas o meu segundo lugar e os sonhos de um garoto em ser piloto, isso eu nunca esquecerei.
Os anos se passaram, o Brasil depois disto sediou um MX das Nações e, se não me engano, mais uma etapa do Mundial de 125ccc, ambos em Indaiatuba. Eu continuei competindo, ganhei alguns títulos estaduais, hoje um nacional de Cross-Country também. Mas o sonho de viver do esporte e de ser profissional foi diminuindo cada vez mais. Não por minha vontade, mas pela falta de recursos e assim segui a vida de um ser humano “normal”. Concluí os estudos, me formei em Educação Física e hoje trabalho com motocicletas na Yamaha Moto-X, e, claro, ando de moto todo final de semana.
A vontade de competir e estar praticando este esporte nunca diminuiu. Mesmo tendo outros compromissos hoje, não deixo de andar de moto um final de semana sequer. Tento estar sempre envolvido em alguma competição e sempre buscando a vitória, o que em certas ocasiões se torna complicado devido a questões materiais e pela falta dos treinos. O Motocross é um esporte ingrato, quem pratica sabe. Você fica uma semana sem treinar e vê que o rendimento já não é mais o mesmo.
Analisando os acontecimentos desta minha época de garoto sonhador até hoje, onde me considero um piloto de final de semana, me pergunto: “O que mudou de lá pra cá”?
Prefiro nem comentar sobre as minhas conclusões, até porque são vários fatores e é melhor deixar cada um com a sua reflexão...
Mas uma coisa não tem como negar, a realidade do Motocross hoje é triste e lamentável. Quem acompanha o esporte vê noticias como:
“Atual campeão Brasileiro da MX2 não tem equipe pra continuar competindo”.
“Corridas ‘piratas’ têm premiação melhor do que corridas do Nacional”.
“Balbi consegue apoio a apenas uma semana da abertura do AMA”.
“Inscrição do Brasileiro aumenta para 180 reais”.
Poderia ficar aqui horas comentando sobres os absurdos que acontecem com o esporte no Brasil. Absurdos estes que nós pilotos, sejamos profissionais ou meramente filiados a entidade, aceitamos de cabeça baixa. Na minha visão o esporte passa por uma fase amadora ainda, pois nós pilotos pensamos como amadores e deixamos tudo isso acontecer sem fazer nada.
Agora vem mais esta notícia que foi destaque na semana passada nos sites e “rodas de amigos” do Cross, que eu não poderia deixar de comentar, pois chega a ser cômica. A notícia está no site da CBM e acho que deveriam ter vergonha de veicular uma nota destas:
“Com a decisão judicial, os pilotos Kioman de Jesus Muñoz (65cc), Manoel Humberto de Campos (85cc), Gabriel Bittencourt Gentil (MXJr/MX1) e João “Marronzinho” Paulino (MX1) perdem os pontos conquistados no campeonato, onde correram sem os pneus Pirelli”.
Deixe-me ver se é isso mesmo. O piloto tem um patrocínio de uma marca, mas é obrigado a comprar um pneu de outra para correr um campeonato aberto a todos os pilotos federados?
Perdem os pontos ou são roubados? Mais uma vez prefiro parar por aqui, cada um tire as conclusões que julgarem corretas.
É amigos, eu tiro o chapéu para os loucos que mesmo sem terem uma estrutura profissional acompanham o Campeonato Nacional todo, porque tem que ter muita paciência em certas horas com as atitudes da CBM.
Voltando ao fato do Mundial estar novamente no Brasil. Parabéns aos responsáveis por isso, torço para que isso se torne uma realidade anual em nosso país.
Deixo minha bronca aos organizadores do Mundial: por que não fizeram um “plano especial” com um valor dentro da realidade dos pilotos brasileiros em relação à inscrição para o Mundial. As etapas da Itália e da Espanha que são países bem mais tradicionais que o nosso em relação ao Motocross, tiveram o gate com menos de 30 pilotos na MX1. Por que será hein? Agora eu acho que sei o porquê.
Será que a CBM também não tinha como negociar que ao menos os dez primeiros da MX2 e MX1 do Brasileiro tivessem a sua inscrição paga por ela?
Galera, vamos torcer para que o esporte tome outro rumo. Aos pilotos leitores, vamos parar de ficar aceitando tudo e começar a ter atitudes que vão mudar o rumo da história, ou pelo menos tentar colocá-las em prática.
Abraço a todos vocês leitores do Clube Moto, o portal que já é um sucesso.
Raul Guilherme
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