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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Blog do Jorge Balbi Jr. – Supercross Edgel


Olá amigos do Blog ! Hoje vou comentar sobre o Supercross Edgel, que teve o Desafio Internacional transmitido pela ESPN. É até possível que alguns de vocês tenham ido lá torcer ao vivo por mim. Apesar do atraso, gostaria de passar a vocês um pouco do que aconteceu atrás do guidão e também nos bastidores dessa prova.

Minha semana antes do Edgel foi bem atarefada e só cheguei em BH na sexta-feira que antecedeu o evento, dia 09. Logo que cheguei, fui direto pra pista da 2B Racing andar um pouco. Não havia treinado durante toda a semana e foi bom para me soltar. Depois dos treinos voltei pra casa e fui descansar para a prova.


Sábado de Campeonato Mineiro
Cheguei na pista no sábado pela manhã e, como já esperava, a pista tinha um nível técnico bem baixo. Sinto confortável para falar sobre isso, pois ofereci minha ajuda para dar algumas dicas para que fizessem o traçado ser mais técnico e seguro para todos, mas os organizadores optaram por fazer da maneira deles, o que eu respeito também. Querendo ou não, sou um piloto e o que quero mesmo é correr rs...

Antes das corridas, a minha equipe, 2B Racing, recebeu uma visita da APAE com várias crianças carentes. Foi um momento muito bacana e tive uma sensação diferente que me fez pensar muito sobre a minha vida. Ao ver a alegria estampada no rosto de cada uma delas, fiquei bastante comovido.

A entidade passa por uma situação financeira muito ruim e os diretores disseram que estavam prestes a fechar as portas. O Vicente Bretz, da 2B Racing, decidiu ajudar e eu também. Tudo que eu recebesse de prêmio pela etapa do mineiro naquela noite doaria para poder ajudar e com isso, tentar fazer com que o pessoal da arquibancada se movimentasse para ajudar também.

Rolaram os treinos classificatórios à tarde, mas chegou à noite e começaram os problemas com a iluminação. Foi uma situação bem complicada porque a energia caiu umas três vezes e, em uma dela, tinha pilotos na pista. Aí começou toda a confusão e aquele impasse de correr ou não correr.

No fim, tudo acabou dando certo, porém alinhamos para largar só depois da meia noite rs... Para se ter idéia, naquela noite com todos os atrasos, acabei indo pra cama depois das três da manhã, o que não é muito bom quando se vai correr no dia seguinte.

Enfim, fomos para a corrida. Sabia da importância da largada, pois não havia muito a fazer para ser mais rápido na pequena pista. Fiz o holeshot e, no inicio, o Pipo, meu companheiro de equipe, me pressionou bastante. Mantive a calma porque não queria errar e aos poucos fui me distanciando.

Venci a prova e fiquei muito feliz com a vitória, ainda mais que pude doar os R$1.500,00 para APAE que naquele momento com certeza precisava mais do dinheiro do que eu.


Domingo do Desafio Internacional
No domingo sabia que a prova seria muito disputada. O número de pilotos de um bom nível técnico era grande o que me deixou bem animado. Para vencer teria que dar o meu melhor.

Entre os pilotos de fora, sabia que o Roberto Castro seria o mais rápido. Corri contra ele em algumas provas do AMA SX e MX e o convidei para correr aqui. Entre os Brasileiros, sabia que vários deles viriam bem, já que o Arena Cross possui pistas bastante parecidas com a de Capim Branco.

Durante todo o dia estudei a pista, os adversários, a largada e fiz algumas estratégias junto com o Max. Fiz o melhor tempo nos treinos cronometrados e fui para as classificatórias.

A noite chegou, mas a pista no segundo dia de competições estava dura e começou a ficar muito, mas muito escorregadia. Essa foi a maior dificuldade da pista porque não tínhamos tração nenhuma. Em algumas curvas que geralmente eram feitas em segunda marcha, estávamos usando terceira e às vezes quarta.

Pode parecer mentira, mas essa foi a melhor maneira que encontrei para andar e comecei a me divertir... Larguei na ponta na classificatória com o piloto Rafael Zenni em segundo.

No inicio da corrida ele pressionou bastante, o que fez a prova ficar divertida e o público ficou bastante empolgado. A cada volta abri alguns milésimos e depois da primeira metade da corrida tinha uma boa vantagem e então fomos para a grande final.

Naquele momento, mil coisas passaram pela minha cabeça e a vontade de vencer em casa era muito grande. O piloto Roberto Castro tinha vencido a classificatória dele e sabia que ele seria meu grande adversário na prova e, enquanto assistia a prova dele, o estudei muito e fui para a grande final.

Cai o gate e, mais uma vez, lado a lado com o Ratinho, saí na ponta. A minha estratégia naquele momento era bem simples. Não cometer erros. No início, o Rato pressionou muito e eu mantive a calma, pois sabia que a corrida era longa e teríamos que dar uma média de 35 voltas no circuito.

Concentrei bem e aos poucos o Rato ficou para trás e pude ficar tranquilo. Porém, a todo tempo eu guardava o Castro que de terceiro veio para segundo mais ou menos na metade da prova. A diferença de 3 segundos caiu para 2 e então decidi dar um tiro. Eu estava muito calmo e tinha outras estratégias.

Tinha uma carta na manga que era a seção de costelas que todos faziam de três em três. Estudei e só fiz uma vez no treino porque reparei que a sexta costela no canto esquerdo era baixa. Foi então que comecei a pular cinco costelas de uma só vez e como a última era muito baixa, a moto atropelava bem fácil.

Com isso a minha vantagem aumentou de 2s para 4s e depois para 6s. Pode parecer pouco, porém em uma pista onde todos andam praticamente no mesmo tempo, era uma excelente vantagem.

Voltei a administrar a corrida e tudo parecia definido até que entrei em uma curva em terceira marcha para não escorregar, mas acelerei e booooog... A moto apagou... Pedalei, pedalei e nada. De repente a moto pegou. Parecia um sonho e não podia acreditar no que estava acontecendo.

Voltei à prova e dei tudo que tinha. Pela primeira vez arrisquei durante todo o fim de semana e virei as minhas voltas mais rápidas, mas já estava perto do fim da prova. Cheguei na cola do Pipo e do Zenni e não tive tempo de atacar. Pulei a chegada um pouco triste, porém, ao ver a empolgação do publico me senti alegre pude perceber o carinho e apoio de todos. E dai em diante voltei a sorrir...

Sempre sou muito duro comigo mesmo e às vezes me cobro demais. Muitas vezes após as corridas em que todos estão sorrindo eu estou bravo (rs)... Dessa vez me senti bem, pois me concentrei muito, controlei tudo que podia e, das três largadas que fiz, acertei todas. Nem sempre as boas corridas são feitas de bons resultados, são coisas da vida (rs).

Apesar de não ter vencido o Desafio Internacional, foi bem divertido correr na região de BH e espero que no futuro possa correr mais vezes em casa. Agradeço a Deus por me manter com saúde e 100% fisicamente, sempre seguindo em frente. Agradeço também a minha família e a Família Bretz por todo carinho e ajuda no evento.

Obrigado aos patrocinadores da 2B Racing i9, Mart Plus, Consórcio Realizar, ASW/FOX e Orbital. Também a Silva Mattos (ASW/FOX),a MR Pro, L’acqua di Fiori.

Balbi


Foto by Fred Mancini / Y.Sports

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