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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

BLOG DO BALBI.


Olá amigos do blog ! Como não poderia ser diferente, venho descrever como foi o meu fim de semana dentro e fora do capacete durante o tão esperado mundial em Canelinha. A semana que antecedeu a corrida foi uma loucura. Cheguei dos USA em cima da hora. Cheguei segunda de noite e na terça já estava em BH, treinando na moto da minha equipe 2Bracing que é original. Na quarta peguei uma moto zero da Honda Brasil e fui para a pista tentar acertar a moto e pra variar, eu e o Max, ficamos até não ter mais luz rs...

Trouxe na bagagem as minhas suspensões e usei o motor cedido pela Honda Brasil. Fizemos o que deu. As suspensões já estavam prontas e não tive maiores problemas. Estranhei um pouco o motor, pois comparado à minha moto dos USA, ele tinha bastante alta, pelo fato das pistas do Brasileiro MX, mas não tinha muito torque, algo que uso muito no meu estilo de pilotagem. Chegamos ao melhor que deu e sabia que nos treinos de sábado poderia achar um acerto melhor.

Quinta-feira, viagem para Canelinha e sexta-feira já estávamos na pista. A presença da minha família me da um conforto muito grande e mesmo com toda a pressão de correr o mundial em casa, confesso a vocês que estava muito descontraído e bastante feliz antes da prova.

Chegando em Canelinha fiquei mais feliz ainda. Mesmo com toda a chuva, na sexta-feira os boxes estavam cheios e o carinho que recebi do público antes, durante e depois da prova me deixou muito feliz.


ESCLARECENDO AS DÚVIDAS
Muita chuva sexta e sábado. Cancelamento dos treinos e etc... Confesso que daí pra frente deu uma ansiedade gigante, porém finalmente o domingo amanheceu ensolarado ! Antes de falar da corrida, que corri com o número 64, gostaria de esclarecer algumas dúvidas de vocês sobre diferença das motos, equipamentos, e até mesmo sobre a moto em que corri.

Que fique bem claro, a Honda Brasil me deu a melhor moto possível e até um tanque especial de combustível maior ela conseguiu. Caso contrário eu não conseguiria terminar a corrida com o original, já que são 35 minutos mais duas voltas. Mas estamos falando de campeonato mundial, onde uma moto basicamente original como a minha custa no máximo de 10 a 12 mil dólares e estamos competindo com motos oficiais, verdadeiros protótipos que chegam a custar até 100 mil dólares.

Pra quem acha que o piloto Clement Desalle correu nos USA com a moto igual a minha, está enganado, por que ele levou o motor e a suspensão dele rs....

E que fique claro, mesmo essa moto de 100 mil não faz nada sozinha. Depende de um piloto, que só está em cima dela por que merece e trabalhou muito para chegar ali. Não acho jamais que em uma moto oficial iria fazer alguma mágica do dia para a noite. Mas com certeza ela facilitaria a minha pilotagem e com muito treino e trabalho poderia evoluir minha pilotagem e atingir um nível melhor, podendo até mesmo arriscar mais, pois acredito estar andando muito próximo do limite com o equipamento que tenho hoje.


VAMOS PRA PISTA
Tudo foi reduzido para somente um treino. Procurei fazer dele o melhor possível para aprender bem a pista, que era nova pra todo mundo, porém minhas chances de tentar um melhor acerto na moto foram embora. Estava muito nervoso no treino, pois as arquibancadas estavam lotadas e a cada salto ou curva que chegavam elas faziam muito barulho rs. Aos poucos me acostumei e no fim do treino andei melhor. Fiz um bom tempo e estava bem confiante para a primeira bateria. A pista estava em ótimas condições.

Concentrei muito para a largada. Pulei como uma bala do gate e achei até que largaria de ponta, mas na metade da reta em diante perdi bastante terreno para as motos oficiais, já que o terreno ainda estava bem pesado. O trilho em que estava era mais mole...

Mesmo assim, dobrei a primeira curva entre os dez melhores. Tudo que queria era andar forte no início da volta. Motos para todos os lados e fomos em direção a parte do fundo da pista até que me enrosquei com uma Yamaha (ainda não sei quem era) e perdi algumas posições passando na chegada em 12º. Os pelotões se estabeleceram e a pista ficou limpa. Tentei atacar no início, mas não conseguia ser rápido e ao invés de ir para frente, fui para trás rs.

Perdi algumas posições e cheguei a cair para a 15ª colocação. Estava muito nervoso e não me encontrava na pista que, além de travada, estava bem pesada e senti muita falta de motor nas retomadas. Nas retas minha moto era com certeza uma das mais rápidas, porem não conseguia sair de curva. Mudei alguns traçados e comecei a frear antes, assim consegui sair de curva melhor, já que enquanto alguns pilotos ainda estavam freando eu já estava no gás. E funcionou, após os 15 minutos de corrida comecei a andar forte e fui fazendo várias ultrapassagens.

Primeiro encostei no francês Vuillemin e após bastante briga, acabei dando sorte, pois o motor dele quebrou. Na sequencia superei o holandês que é piloto da Honda oficial, Marc de Reuver e comecei uma briga interminável com dois pilotos, o espanhol Carlos Campano e o sul africano Gareth Swanepoel, que é oficial Kawasaki. Passei os dois juntos e começamos uma disputa que durou até o fim da prova. Foi muito divertido e também arriscado, já que o espanhol era muito doido hehehehe...

Chegamos até mesmo a bater no ar, na hora em que passei ele pela primeira vez, o cara não queria entregar por nada rs... Nas duas voltas finais abri dele e me consolidei da 10ª colocação. Eu tinha um fator diferencial ao meu favor, o público. A galera de Canelinha me empurrou muito, mas muito mesmo. Algo que jamais tinha visto ou sentido em tantos anos de Motocross. Animei e fui pra cima do sul africano, encostei nele e a galera delirou. Parecia um estádio de futebol. Vim para a última volta e ataquei de todas as formas, mas como disse antes, por mais que forçasse nos saltos e freadas não consegui superá-lo. Saltei a chegada muito, mas muito emocionado e com um sabor de vitória. Valeu Canelinha !


CANSADO, MAS FELIZ !!
Senti muito a prova e fui para os boxes, bastante cansado, mas feliz ! Procurei descansar ao máximo, pois queria melhorar o resultado na segunda bateria e sei que dava, pois senti que andei muito travado no início.

Tudo corria bem. A princípio, iria somente mudar a relação da moto para tentar melhorar nas saídas de curva. Subi dois dentes na coroa, porém ao revisar a moto, o Max descobriu que a junta do cabeçote tinha queimado e ele e meu pai começaram uma correria louca para tirar o cabeçote e trocar a junta, já que o intervalo é bem curto. No fim, até eu mesmo ajudei a terminar a moto rs... Não podíamos perder o parque fechado de jeito nenhum. Moto pronta e lá vamos nós !


SEGUNDA BATERIA
Troquei a posição do gate para a segunda largada. A parte interna estava mais seca. Cai o gate... ! Dessa vez não pulei tão bem e não estava nem entre os 20 na primeira curva. Arrisquei bastante na segunda curva e fiz várias ultrapassagens na primeira volta.

Após superar alguns pilotos entrei na briga com os mesmo pilotos da primeira bateria. Os 2 da Kawasaki, D.Vuillemin e o G.Swanepoel. Encostei neles, mas não conseguia fazer a ultrapassagem. O Max me avisou que estava mais rápido que eles, já que rodei em 1.53 cravado e eles tinham 53 alto. Encostei, mas em duas partes da pista eu perdia muito tempo. Na retomada da curva dos mecânicos que era de areia solta e uma seção de costelas subindo, onde chegava na cola deles e perdia muito contato após a sequencia em subida. Cheguei a mudar o meu traçado por fora na curva antes das costelas, pois todas as vezes que vinha por dentro tinha que fazer uma força tremenda para encaixar com muito jogo de corpo enquanto eles faziam com bastante facilidade.

Dei tudo que tinha e em algumas voltas cheguei a arriscar tudo. Aos poucos, minha energia foi indo embora rs... Lutei até o último segundo e pulei a chegada junto com o piloto Julien Bill.


FIM DE CORRIDA
Comemorei muito na bandeirada e não vou mentir, já não tinha mais energia nem mesmo para caminhar rs. Mal conseguia falar depois da bateria ! Porém, a sensação de dever cumprido e o sentimento que eu deixei toda a minha energia dentro da pista dando o meu melhor me fez muito feliz como há muito tempo eu não me sentia. Obrigado Senhor por mais uma conquista! Primeiro brasileiro a chegar entre os dez melhores do mundo.

Agradeço muito a todos que me ajudaram e em especial a essa torcida que me empurrou o tempo todo. Como disse na pista, após a corrida, dedico esse resultado ao meu companheiro de equipe Erick Bretz !

Obrigado aos nossos patrocinadores, em especial a Honda Brasil que não mediu esforços para que este mundial fosse realizado no Brasil, a minha equipe 2B Racing e aos patrocinadores i9, Mart Plus, Consórcio Realizar, ASW/FOX e Orbital. Também a Silva Mattos (ASW/FOX),a MR Pro, Lacqua di Fiori e LEM.

Balbi


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